
Todos os 12 garotos, com idades entre 11 e 16 anos, e o treinador Ekkapol Chantawong, de 25 anos, já foram retirados da caverna Tham Luang, na província de Chiang Rai, na Tailândia. O anúncio foi confirmado pela Marinha daquele país, que fez nesta terça-feira (10) a retirada do último grupo. Com isso, encerra um dos trabalhos de resgate mais complexos de toda a história do mundo, algo semelhante ao socorro dos 32 trabalhadores de uma mina que desmoronou no Chile, em 2010.
Em uma postagem na rede social, a força militar tailandesa comemorou o sucesso da operação de resgate. “Não estamos certos se isso é um milagre, se é ciência, ou o quê. Todos os 13 javalis selvagens agora estão fora da caverna”, postou. O trabalho de resgate comoveu o mundo, o Papa Francisco rezou pelo sucesso da operação de resgate e a FIFA convidou-os para assistirem a partida da final da Copa do Mundo na Rússia, que acontece neste domingo (15).
A história
Os garotos formam o time de futebol conhecido como Moo Pa (ou Wild Boars). Eles estavam treinando no dia 23 de junho, normalmente, quando foram surpreendidos por uma forte chuva. Para se proteger, o grupo entrou na caverna, procedimento que costumavam fazer sempre que o tempo mudava. No entanto, naquele dia o volume da chuva foi muito maior do que o esperado, a água acabou tomando conta do local, inundando a entrada da caverna e forçando os garotos e o treinador a irem cada vez mais a fundo.
O grupo estava desaparecido há dez dias, na entrada da caverna foram encontradas as bicicletas pertencentes aos garotos, o que indicou a possibilidade deles estarem presos lá dentro. Foi então que os mergulhadores ingleses Rick Stanton e John Volanthen enfrentaram um caminho tortuoso, mergulhando durante seis horas a partir da entrada, até localizarem os garotos. Quando houve a primeira comunicação, os meninos disseram que estavam com muita fome.
O plano de resgate
A caverna Tham Luang tem 10 km de percurso conhecido, a entrada é grande e espaçosa, no entanto, quando se entra mais para dentro a passagem se torna complexa e estreita, cheia de ramificações. Há câmaras no caminho e muitas delas acumulam água até mesmo em períodos secos. Quando chove muito, as galerias ficam cheias e transbordam. Com a confirmação da localização do time de futebol, iniciou-se o planejamento de resgate e apenas no dia 08 é que o trabalho começou, na prática.
Para retirar as crianças foram usados mais de 90 mergulhadores experientes e vindos de vários países, como China, Austrália e do Reino Unido. Ao todo, mais mil pessoas, entre médicos, enfermeiros, engenheiros e outros profissionais atuaram na operação. Os mergulhadores iam até o local onde o grupo estava e depois retornavam, trazendo um por um, sendo que cada menino era acompanhado por dois mergulhadores, usando uma máscara facial e uma corda como guia. Entre as operações havia uma pausa para que novos cilindros de oxigênio fossem colocados na cavidade subterrânea e também para o descanso dos mergulhadores.
Os meninos resgatados saíram da caverna em macas e foram levados de helicóptero para um hospital, onde estão em observação, mas fora de perigo. Os pais e responsáveis das crianças afirmaram que os meninos perderam um pouco de peso. Segundo a Marinha tailandesa, eles estão bem de saúde e têm apenas algumas erupções cutâneas. Ao sair, os resgatados passam por um hospital improvisado montado na área próxima a montanha. Em seguida, são transferidos de ambulância para um helicóptero para serem levados ao hospital da província de Chiang Rai, que fica a cerca de 70 km.
Antes de ter início o trabalho de retirada dos meninos, um mergulhador acabou morrendo. O tailandês Saman Kunan, de 38 anos, levou suprimentos para o grupo, mas ficou sem oxigênio quando retornava para a entrada da caverna. Ele era ex-integrante do grupo de elite da Marinha, era triatleta e tinha se voluntariado a participar da operação de resgate. A morte do profissional deixou todos ainda mais apreensivos quanto a dificuldade da operação.